FUNDADORA

UMA HISTÓRIA CHAMADA AMOR

Por: Denise Carla

Eu vou contar aqui uma linda história de amor. E no ritmo do "Era uma vez" te convido a conhecer o reino dos brincantes, dos apaixonados pelo folclore, dos loucos pelos festejos juninos, dos herdeiros de uma rainha contemporânea chamada Carmem Perrotta.
E essa história tem como principal elemento o amor. Aquele amor que faz o nosso coração bater mais forte, que dá aquele friozinho na barriga, que cria expetativas, que nos faz ficar noites em claro pensando em como surpreender o outro, que nos leva a viajar no reino do faz-de-conta e que é visceral, sem medida e sem limites.

Ah, o amor... ele pode surgir de várias formas e de onde menos se espera. Ele pode chegar de mansinho, fazer alarde, dizer a que veio ou entrar em nossas vidas sem pedir licença... Mas uma coisa é certa: uma vez verdadeiro, o amor ultrapassa qualquer barreira, elimina qualquer obstáculo e sim!, dura pra sempre! O amor, na sua mais pura essência, pode passar de pais pra filhos; dos filhos pros amigos; e destes pra tantos outros que surgirem pelo caminho. É assim que se forma uma corrente do bem.
O amor é mágico e a sua magia não tem explicação. Sua trilha sonora pode ser diversificada e seus personagens podem surgir ao longo da estrada, cada um com a sua história. Mas quando os caminhos se cruzam, todos passam a sonhar o mesmo sonho. E é aí que começa a magia. É assim que se começa uma linda história de amor.
E a história de amor que eu vou contar aqui aconteceu meio que por acaso e num reino não muito distante de nós. Foi no bairro do Engenho Novo, zona norte do Rio de Janeiro, local onde fica a Paróquia Nossa Senhora da Conceição. Foi lá que a carioca Carmem Perrota, uma religiosa de carteirinha, recebeu a missão do padre Alexandre Língua,  em 1956, de organizar a festa junina da igreja e de ensaiar a quadrilha de dança junina. 
Festa produzida, personagens criados, pares de dança formados, passos marcados e em cima da hora um desfalque que poderia ser um grande problema para qualquer mortal: a noiva caipira, irmã de Carmem e que faria par com Ivan Gonçalves, um nordestino baixinho e muito gaiato, desistiu do casório às vésperas da festa.
Carmem não se fez de rogada: vestiu-se de noiva e foi  pro altar com aquele que seis anos mais tarde, e cinco casamentos fictícios depois, viria se tornar o companheiro de toda uma vida. E foram 46 anos de casamento, dois filhos queridos, muitos quadrilheiros amigos e total dedicação à cultura popular e aos serviços sociais.
Assim surgiu o amor de Carmem e Ivan na vida real. Assim surgiu o amor do casal pelos festejos juninos. Assim nasceu o grupo de dança da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, que vinte e um anos depois tornou-se a quadrilha do Sampaio, e que na mesma proporção virou referência folclórica e ganhou o mundo.
Do casamento de Carmem e Ivan nasceram Márcio Perrota e Ana Paula que, para o orgulho dos pais, formaram o casal principal da quadrilha durante 22 anos. 
Hoje Seu Ivan acompanha as histórias do grupo, contadas pelo seu  primogênito. Ana Paula também já não dança mais, porém está sempre por perto pra o que der e vier. E Dona Carmen não está mais entre nós fisicamente: ela desencarnou no dia 8 de janeiro de 2011, mas deixou um legado incontestável e muitas histórias pra contar.

Mas, quem é do grupo dos brincantes garante: ela continua reinando absoluta e iluminando cada tema escolhido, cada passo ensaiado. E lá do alto, nossa rainha acompanha, orgulhosa, seu príncipe Márcio dando continuidade ao que ela começou.
E no ritmo do "Era uma vez" fica a certeza de que o final dessa história não poderia ser outro senão este: "E no reino dos brincantes, os componentes da quadrilha do Sampaio, para orgulho do Seu Ivan e Ana Paula, conduzidos pelo príncipe herdeiro Márcio, protegidos pela padroeira Nossa Senhora da Conceição e abençoados por Carmem Perrotta, perpetuaram os ensinamentos da rainha-mãe e viveram felizes e dançando para sempre". Até porque, de dança e de amor, essa turma entende muito bem...

"Uma mulher que amou esta cidade e seu povo.  E ao seu modo fez as pessoas mais felizes, ensinando o valor das nossas tradições populares.  A história da Rainha das Quadrilhas Juninas do Brasil, que é muito mais do que uma incentivadora do folclore junino."

Márcio Perrota

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